Tuesday, January 31, 2017

Desumano


O que te isola é essa capa de adaptação
Que te foi vestida pra proteger do não
E que te faz falsa e mendigo de harmonía
O que te machuca mais é ver a decepção
De quem criou expectativas muito altas
Pela maquiagem que gruda na sua cara
Como resto da poeira do teu sofrimento
Esses trapos criativos que veste foram
Moldados por descuido e abuso
Quando a única reação que podia ter
Era um sorriso constante e amarelo
De canto, como um medo desajeitado
O resto que te resta
É ser horrível por definição
Quando cada ato do teu amor
É atrocidade desumana
A cruz que carrega
É a de ser tudo o que você mesmo define
Como algo que qualquer um
Em sã consciência não poderia apreciar
O que te separa dos outros
É o exagero de uma mesma essência
Que brotou desatinadamente
E que te corrói de nojo
Te faz querer arrancar a própria pele
E botar pra queimar
Em procedimento de quarentena
O triste é ver que quem te julga tem razão
Pois nem um único segundo do teu sacrifício
Foi pro beneficio dos teus amados
Mas somente pros teus vícios doentios
Sua auto repugnância vem de ver
Que se prostitui quando tem força
E na maior parte do tempo
Nem a isso se presta
Passa em branco e sozinho
Por causa dos teus olhos feridos
Que não veem cor em quase nada
A não ser no que você não merece
E que quando não merece
Cobiça o que seria sua única chance
De sentir o gosto da vida fora do bordel
Então ataca, enfraquece e mata
Pra trepar com o cadáver pálido
Da raridade que te fascina
Destrói a beleza que não pode ser sua
Rejeita a verdade sobre sua impureza
Pagando com a mesma moeda
Seja falsa ou verdadeira
Ou dos tesouros que cava e rouba
Bebe o sangue dos teus irmãos
Como vitamina nutritiva
Pra sua maldade terapêutica
Expurga sua compaixão
Com auto piedade obsessiva
Que traz um alívio superficial e vazio
Esmola que da a si mesmo

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